Música no Barigui pode ser motivo de preocupação para muitos. Passear pelo parque nas tardes de sábados e domingos é, no mínimo, um exercício de paciência. Cada jaguara escuta o que quer, no volume que quer, acha que está arrasando e que todos os outros frequentadores do parque estão agraciados com sua música. Essa mistura de sertanejo, funk e axé torna o ambiente insuportável, por isso evito.
Eis que hoje vi um vídeo de alguém que conseguiu agradar a muitos com seu som alto. A diferença é o talento e o inesperado. O cara não está no parque para aparecer, mas para se mostrar. A apresentação no parque conseguiu até a adesão de aguns curitibanos mais animados (se é que isso existe).
Abaixo estou postando dois vídeos do Felipe Zoio. Não achei maiores informações sobre o cara, mas fica ai a dica para as tardes curitibanas.
domingo, 29 de janeiro de 2012
sábado, 14 de janeiro de 2012
Espaços públicos de Curitiba: locais privados, sem exercício do poder de polícia
“Final de semana”, “sol” e “Curitiba” não são palavras vistas na mesma oração com frequência. No entanto, quando aparecem juntas vêm acompanhadas do vocábulo “parque”. Todos os curitibanos encaminham-se para os parques, fazendo com que haja um verdadeiro congestionamento de carros, corredores, ciclistas, caminhantes nas pistas de asfalto. Curiosamente, é nessa concentração de pessoas que os parques deixam de ser públicos. Transformam-se em espaços privados daqueles que os utilizam. É a apropriação do espaço público sem levar em consideração o próximo. E essa privatização é reforçada pela ausência do poder de polícia, que deveria ser exercida por agentes municipais.
A começar pelos caminhos que levam ao principal parque de Curitiba, o Parque Barigui. Existem duas rotas para se chegar ao parque: ou pela Av. Mario Tourinho ou pela Av. Candido Hartmann. A Av. Mario Tourinho possui, antes de chegar ao terminal do Campina do Siqueira, calçadas e ciclovias estreitas e irregulares, sem privilegiar os pedestres ou ciclistas. Há postes no meio da ciclovia e da calçada; várias esquinas não possuem guias rebaixadas; o calçamento é irregular. A situação é pior na Av. Cândido Hartmann. Calçadas em estado precário e ausência de ciclovia. Assim, o meio de transporte mais seguro e confortável para se chegar ao parque é o carro, algo eminentemente privado.
Em dias cheios, o estacionamento do parque vira terra de ninguém, assim como as ruas adjacentes. A faixa de proibição de estacionamento, existente em todo lado direito da Rua Aloísio França, é ignorada. O gramado em frente às residências vira o local preferido para parar os caros. Não se vê um carro da DIRETRAN ordenando o trânsito no parque e fiscalizando o estacionamento.
E com a desordem dos carros, vem o caos nas pistas e trilhas. Há uma série de placas proibindo veículos motorizados nos caminhos de corrida e bicicleta. Pois então. Final de semana de sol é quando os curitibanos desfilam com seus patinetes motorizados pelo parque ou levam os seus filhos passearem com aquelas motonetas elétricas, fazendo zigue-zague em local em que só deveria haver caminhantes, corredores e ciclistas. Não há um guarda municipal fiscalizando a correta utilização das faixas de asfalto. O pior é quando os corredores invadem as pistas dos ciclistas, sem se darem conta do perigo que causam. Falta, mais uma vez, fiscalização e conscientização de que o espaço é público e deve ser compartilhado. Não é espaço para fazer o que EU desejo.
Com a concentração de pessoas, vem o lixo. E, é claro, como falta intervenção forte da municipalidade nos parques, não há lixeiras suficientes. Como o público é sinônimo de local privado, a população espalha o lixo ao redor das lixeiras ou, pior, deixa garrafas de cerveja espalhadas pelo gramado. Não há preocupação em colaborar. Afinal, garis, lixeiros e empregados domésticos devem catar o lixo espalhado. Não percebem que se não há lata de lixo suficiente, basta juntar o seu lixo e levar até outro local. Simples assim. Nunca soube de alguém ter sido advertido pelos guardas municipais por ter jogado lixo na grama. Falta, portanto, o exercício do poder de polícia neste quesito.
Isso sem falar no som alto. Como o espaço público é privado, a população julga-se no direito de ouvir o que desejar. E, em um gesto extremo de solidariedade às avessas, compartilha seu gosto musical com o resto da população. E nada de fiscalização.
A visita ao Parque Barigui em dias ensolarados é experiência das mais ricas para se entender como funciona a sociedade e qual a sua relação com o espaço público. E, infelizmente, como não há poder de polícia para fiscalizar as anormalidades dessa relação, o espaço público vira espaço privatizado de cada componente da sociedade.
A começar pelos caminhos que levam ao principal parque de Curitiba, o Parque Barigui. Existem duas rotas para se chegar ao parque: ou pela Av. Mario Tourinho ou pela Av. Candido Hartmann. A Av. Mario Tourinho possui, antes de chegar ao terminal do Campina do Siqueira, calçadas e ciclovias estreitas e irregulares, sem privilegiar os pedestres ou ciclistas. Há postes no meio da ciclovia e da calçada; várias esquinas não possuem guias rebaixadas; o calçamento é irregular. A situação é pior na Av. Cândido Hartmann. Calçadas em estado precário e ausência de ciclovia. Assim, o meio de transporte mais seguro e confortável para se chegar ao parque é o carro, algo eminentemente privado.
Em dias cheios, o estacionamento do parque vira terra de ninguém, assim como as ruas adjacentes. A faixa de proibição de estacionamento, existente em todo lado direito da Rua Aloísio França, é ignorada. O gramado em frente às residências vira o local preferido para parar os caros. Não se vê um carro da DIRETRAN ordenando o trânsito no parque e fiscalizando o estacionamento.
E com a desordem dos carros, vem o caos nas pistas e trilhas. Há uma série de placas proibindo veículos motorizados nos caminhos de corrida e bicicleta. Pois então. Final de semana de sol é quando os curitibanos desfilam com seus patinetes motorizados pelo parque ou levam os seus filhos passearem com aquelas motonetas elétricas, fazendo zigue-zague em local em que só deveria haver caminhantes, corredores e ciclistas. Não há um guarda municipal fiscalizando a correta utilização das faixas de asfalto. O pior é quando os corredores invadem as pistas dos ciclistas, sem se darem conta do perigo que causam. Falta, mais uma vez, fiscalização e conscientização de que o espaço é público e deve ser compartilhado. Não é espaço para fazer o que EU desejo.
Com a concentração de pessoas, vem o lixo. E, é claro, como falta intervenção forte da municipalidade nos parques, não há lixeiras suficientes. Como o público é sinônimo de local privado, a população espalha o lixo ao redor das lixeiras ou, pior, deixa garrafas de cerveja espalhadas pelo gramado. Não há preocupação em colaborar. Afinal, garis, lixeiros e empregados domésticos devem catar o lixo espalhado. Não percebem que se não há lata de lixo suficiente, basta juntar o seu lixo e levar até outro local. Simples assim. Nunca soube de alguém ter sido advertido pelos guardas municipais por ter jogado lixo na grama. Falta, portanto, o exercício do poder de polícia neste quesito.
Isso sem falar no som alto. Como o espaço público é privado, a população julga-se no direito de ouvir o que desejar. E, em um gesto extremo de solidariedade às avessas, compartilha seu gosto musical com o resto da população. E nada de fiscalização.
A visita ao Parque Barigui em dias ensolarados é experiência das mais ricas para se entender como funciona a sociedade e qual a sua relação com o espaço público. E, infelizmente, como não há poder de polícia para fiscalizar as anormalidades dessa relação, o espaço público vira espaço privatizado de cada componente da sociedade.
Memorial às vítimas de acidente de trânsito
Salvo engano, daqui a alguns meses fará aniversário o triste episódio envolvendo um ex-deputado estadual e dois jovens curitibanos, assassinados em um acidente de trânsito. Apesar de lamentável, esse foi apenas mais um acidente de trânsito. Várias famílias foram dizimadas pelos carros e seus motoristas negligentes nos últimos anos.
Há alguns meses, perto da academia do Parque Barigui uma obra começou a ser levantada. Não dava para ver nada por detrás dos tapumes. Toda vez que pulava os pedrulhos deixados pelos caminhões de obra, desejava que fosse mais um banheiro com bebedouro, pois aquele lado do parque não possui esse tipo de instalação. Hoje, depois de um longo tempo sem aparecer no Parque, vi que os tapumes tinham sido removidos e deram lugar a um belo jardim. Na primeira volta, a cegueira míope não me deixou ler o nome do monumento. Mas pude apreciar as obras de embelezamento do Córrego Quero-Quero.
Na segunda volta, vi o nome do monumento: “Memorial em homenagem às vítimas de trânsito”. Se tivesse lido a palavra “memorial” há três ou quatro anos, teria pensado, “que desperdício de dinheiro público, por que eles não usam esse dinheiro para educar o povo?”. No entanto, hoje continuo achando que lembrar e rememorar é uma forma de educar. Não esquecer jamais o que aconteceu com esses seres humanos!
Entre uma passada e outra, dei-me conta que o memorial às vitimas de trânsito tinha assento ao lado do Museu do Automóvel, já referido aqui no blog. Nada mais adequado de lembrar que carros, se mal conduzidos, matam.
*texto escrito no início de 2011.
quinta-feira, 12 de janeiro de 2012
HAHAHAHAHAHAHAHA
HAHAHAHAHAHAHHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA. RESPIRA. HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH
domingo, 8 de janeiro de 2012
Turismo pela Ciclofaixa
Ao terminar a minha primeira volta pela ciclofaixa, resmunguei que ela não passava por pontos turísticos...Ledo engano. Como o meu projeto de vida em 2012 é fazer uma limonada suíça com o limão quase podre que me foi dado, resolvi procurar os pontos turísticos da ciclofaixa.
Começando pelo cruzando entre a Emiliano Perneta e a Visconde de Nacar. Se você quiser descer da bicicleta e empurrá-la por menos de cem menos, a Rua 24 Horas estará a sua direita. Já falamos sobre a Rua aqui no blog, mas o post está desatualizado. Em dezembro de 2011 a Rua 24 Horas foi revitalizada, com algumas lojas. Logo, logo um post novo sobre o assunto! Por enquanto, fica a notícia de que há bicicletário.
Prosseguindo pela Visconde de Nacar, você verá a Praça Rui Barbosa, com seus importantes pontos de ônibus e a sua Rua da Cidadania, local em que poderá comprar artesanato, frutas, além de poder usufruir de vários serviços públicos municipais.
À direita situa-se a Igreja do Bom Jesus dos Perdões, uma das igrejas mais tradicionais de Curitiba. A Igreja deu origem ao Colégio Bom Jesus, tradicional em Curitiba. O templo conta com um órgão alemão datado de 1924 e é famoso pela distribuição do Bolo de Santo Antônio (se as moças solteiras acharem uma imagem do Santo dentro do bolo é sinal que elas se casarão).
Ao lado da Igreja situa-se a Santa Casa de Misericórdia de Curitiba, construída em 1880 e inaugurada por D. Pedro II. Segundo o- mantenedor do hospital, durante muito tempo foi o único hospital de Curitiba. Hospital-escola por excelência, a Santa Casa já serviu para o aprendizado dos alunos da UFPR e, atualmente, é utilizado para o aperfeiçoamento dos alunos da PUCPR.
Após passar ao lado da Rua da Cidadania da Rui Barbosa, você andará algumas quadras pela Rua André de Barros. Nada de especial nesta Rua, exceto que concentra boa parte do comércio popular de Curitiba.
Do lado direito, entre as Ruas Lourenço Pinto e a Barão do Rio Branco situa-se o Bar Palácio, local da boêmia curitibana, inaugurado em 1930. Experimente o Filé Paranaense e peça o Mineiro de Botas de sobremesa (um prato de cada serve duas pessoas). O ambiente é simples e só abre à noite. Até algumas décadas atrás não servia mulheres desacompanhadas. Foi um dos pontos altos da primeira expedição.
Mais adiante situa-se o Terminal do Guadalupe, ponto final/inicial dos ônibus metropolitanos de Curitiba. Não é uma região que o turista frequente, então é interessante vê-lo vazio e com segurança. Ao lado do Terminal há a Igreja do Guadalupe. Essa Igreja é a casa do Padre Reginaldo Manzotti. Para quem não conhece, ele é a nossa versão para o Padre Marcelo Rossi. Jovem, simpático, boa pinta, carismático e com um dom para cantar...
Foto retirada do blog correndocorridas.blogspot.com
Em seguida, você transitará um pouco mais pela André de Barros até encontrar com a Av. Mariano Torres. Na Av. você andará por uma ciclovia estreita. Esta via é importante rota de ligação entre a Rodoviária e o Centro de Curitiba.
A ciclofaixa permite que você trafegue por apenas uma quadra na rua mais importante de Curitiba: a Rua XV de Novembro. Não é possível ver muita coisa, exceto os fundos do Teatro Guaíra, um dos maiores da América Latina, casa do Festival de Teatro e da Oficina de Música, palco de excelentes montagens e local de formatura da maioria dos estudantes das faculdades tradicionais de Curitiba. Edu Lobo e Chico Buarque musicaram o Circo Místico para o Ballet do Teatro (sem esquecer que o barraco entre os Dois Filhos de Francisco foi protagonizado no palco principal do teatro).
Seguindo a sinalização, você chegará à esquina das Ruas João Negrão e Marechal Deodoro. Olhe para sua direita e verá uma parte do que é o Prédio Histórico da UFPR.
Prossiga pela Av. Marechal Deodoro e perceba as marcações vermelhas nas calçadas. É a sinalização própria para os deficientes visuais.
Ao seu lado esquerdo, olhando para cima, você verá o Centro Comercial Itália, que é um dos prédios mais altos de Curitiba.
Algumas pedaladas e você chegará à Praça Zacarias, uma homenagem ao Zacarias de Góes e Vasconcelos, primeiro presidente da Província do Paraná. O chafariz desta praça é datado de 1871. Nela situa-se a Confeitaria Lancaster, local tradicional em Curitiba. Além disso, a Praça liga-se com o calçadão da XV de Novembro pela Travessa Oliveira Bello, de onde também se pode ver o espetáculo de Natal do Palácio Avenida.
Um pouco adiante, também à direita, você enxergará o Instituto de Educação, cujo prédio - datado de 1912 - é tombado pelo patrimônio estadual. Foi uns dos principais pólos de formação de professoras e até hoje é instituição pública de ensino bem conceituada.
Por fim, à esquerda se situa o último ponto turístico da ciclovia, que é a Escola de Música e Belas Artes do Paraná, fundada em 1948. Trata-se de instituição de ensino estadual destinada ao estudo, pesquisa e extensão das artes.
Algumas pedaladas a mais e você estará no ponto de partida! É claro que o blog gostaria que o circuito fosse maior, mas nada como ver um lado de Curitiba que apenas os curitibanos conhecem!
Ciclofaixa em Curitiba
Domingão de tempo agradável, propício para conhecer a tal da ciclofaixa de Curitiba. Estava bem reticente em conhecê-la, pois desde o início acompanhei os embates entre ciclistas e a Prefeitura. A extensão da ciclofaixa, a sua provisoriedade e o fato de ser do lado esquerdo foram as reclamações dos ciclistas. A prefeitura argumentou com "é tudo teste".
Tenho duas bicicletas aqui em casa. A Audrey, uma Caloi velhinha que uso por passeios urbanos, e a Marilou, que a minha bicicleta de ciclismo e de triathlon. Bom, como o objetivo era avaliar a ciclofaixa sob a ótica do cidadão médio, tirei o pó da Audrey, coloquei a minha bermuda surrada, camiseta de algodão e tênis. Deixei o capacete em casa, bem como toda a parafernália - luvas, água, câmara, espátulas...O objetivo era avaliar a ciclofaixa como local de lazer (foi essa a finalidade atribuída pela Prefeitura).
Primeira dúvida: como chegar até a ciclofaixa? Moramos perto do centro e tracei uma rota pela qual não andaria na contra-mão, tampouco pela canaleta. Por ser domingo, não havia muito trânsito e os 1.500 metros que me separam do início da via foram percorridos com rapidez e tranquilidade. Agora fica a pergunta e até mesmo a sugestão: como é que o cidadão que mora lá no Tatuquara vai aproveitar a ciclofaixa? O ideal seria vir pedalando desde lá, mas não há vias seguras e os nossos motoristas não estão preparados para dividir o seu reino com os ciclistas. Os ônibus de Curitiba comportam bicicletas? É claro que não! Assim, o acesso de boa parte da população fica prejudicado...
Cheguei até a esquina da Visconde de Nacar com a Emiliano Perneta e constatei a excelente sinalização. Além de faixas indicativas, havia guardas da Diretran e colaboradores sinalizando com "pare" e "siga". Alguns colaboradores eram gentis e simpáticos. Outros estavam sentados, mal humorados.
Percurso plano, praticamente pelo centrão de Curitiba, carente de árvores, com algumas lojas abertas (o posto na André de Barros virou point dos ciclistas). O público: casais, homens, pais e filhos. No período de quarenta minutos pedalando pela ciclofaixa era a única mulher sozinha. E depois a mulherada não sabe porque engorda e reclama da Sibutramina retirada das prateleiras.
O trajeto:
Avaliei também as bicicletas: tirando um senhor que estava com uma speed cromada, as demais eram mountain bikes ou urbanas (como a minha Caloi). Pelo vestuário era possível ver que a maioria dos frequentadores eram ciclistas ocasionais, daqueles que não gastam R$ 50,00 em uma camisa de ciclismo. Em certas esquinas formava-se um verdadeiro pelotão.
O pelotão de elite da ciclofaixa:
Notei a falta de bicicletários...E se quisesse estacionar a magrela e visitar a Praça Santos Andrade? Além disso, em um primeiro momento, desejei que a rota passasse por mais pontos turísticos. É possível ver alguns locais de interesse nas imediações, mas sonhei com o dia em que a ciclofaixa compartilharia a mesma rota que a Linha Turismo.
Por fim, depois da segunda volta, resolvi voltar para casa. Eu tinha duas opções: seguir reto pela Emiliano Perneta e virar na rua de casa ou subir pela canaleta quase até em casa. Na esquina, uma agente do DIRETRAN (Departamento de Trânsito de Curitiba) sinalizava ao trânsito. Ao vê-la pensei em continuar reto, seguindo a lei. No entanto, resolvi testar a conivência dos nossos agentes com a proibição de trafegar de bicicleta na canaleta. Desci da bike e perguntei para a moça se poderia virar à direita, seguindo pela canaleta. Para minha surpresa, a agente me disse: "Atravesse pela faixa de pedestre desmontada da bicicleta e pode ir". Como? Pois é. Conheço uma pessoa que foi multada por trafegar na canaleta de bike; o jornal da hora do almoço mostra, com frequência, os flagrantes de ciclistas agindo errado e utilizando a via dos expressos. E a agente do DIRETRAN me vê fazendo cacaca no trânsito e não fala nada? Como é aquela lição de introdução ao direito: o costume revoga ou não uma lei? Para os agentes do DIRETRAN, o costume revoga a proibição de trafegar na canaleta (só se houver uma câmera filmando é que a lei é repristinada. Sem comentários).
Ao chegar em casa, contei para o Harry sobre a ciclofaixa e ele me disse: "É como uma volta no parque, só que no centrão". De fato, a ideia da ciclofaixa é interessante, o público é o mesmo que frequenta as ciclovias dos parque. No entanto, o blog torce para que não seja apenas destinada ao lazer, mas como alternativa ao carro e ao ônibus.
Tenho duas bicicletas aqui em casa. A Audrey, uma Caloi velhinha que uso por passeios urbanos, e a Marilou, que a minha bicicleta de ciclismo e de triathlon. Bom, como o objetivo era avaliar a ciclofaixa sob a ótica do cidadão médio, tirei o pó da Audrey, coloquei a minha bermuda surrada, camiseta de algodão e tênis. Deixei o capacete em casa, bem como toda a parafernália - luvas, água, câmara, espátulas...O objetivo era avaliar a ciclofaixa como local de lazer (foi essa a finalidade atribuída pela Prefeitura).
Primeira dúvida: como chegar até a ciclofaixa? Moramos perto do centro e tracei uma rota pela qual não andaria na contra-mão, tampouco pela canaleta. Por ser domingo, não havia muito trânsito e os 1.500 metros que me separam do início da via foram percorridos com rapidez e tranquilidade. Agora fica a pergunta e até mesmo a sugestão: como é que o cidadão que mora lá no Tatuquara vai aproveitar a ciclofaixa? O ideal seria vir pedalando desde lá, mas não há vias seguras e os nossos motoristas não estão preparados para dividir o seu reino com os ciclistas. Os ônibus de Curitiba comportam bicicletas? É claro que não! Assim, o acesso de boa parte da população fica prejudicado...
Cheguei até a esquina da Visconde de Nacar com a Emiliano Perneta e constatei a excelente sinalização. Além de faixas indicativas, havia guardas da Diretran e colaboradores sinalizando com "pare" e "siga". Alguns colaboradores eram gentis e simpáticos. Outros estavam sentados, mal humorados.
Percurso plano, praticamente pelo centrão de Curitiba, carente de árvores, com algumas lojas abertas (o posto na André de Barros virou point dos ciclistas). O público: casais, homens, pais e filhos. No período de quarenta minutos pedalando pela ciclofaixa era a única mulher sozinha. E depois a mulherada não sabe porque engorda e reclama da Sibutramina retirada das prateleiras.
O trajeto:
Avaliei também as bicicletas: tirando um senhor que estava com uma speed cromada, as demais eram mountain bikes ou urbanas (como a minha Caloi). Pelo vestuário era possível ver que a maioria dos frequentadores eram ciclistas ocasionais, daqueles que não gastam R$ 50,00 em uma camisa de ciclismo. Em certas esquinas formava-se um verdadeiro pelotão.
O pelotão de elite da ciclofaixa:
Notei a falta de bicicletários...E se quisesse estacionar a magrela e visitar a Praça Santos Andrade? Além disso, em um primeiro momento, desejei que a rota passasse por mais pontos turísticos. É possível ver alguns locais de interesse nas imediações, mas sonhei com o dia em que a ciclofaixa compartilharia a mesma rota que a Linha Turismo.
Por fim, depois da segunda volta, resolvi voltar para casa. Eu tinha duas opções: seguir reto pela Emiliano Perneta e virar na rua de casa ou subir pela canaleta quase até em casa. Na esquina, uma agente do DIRETRAN (Departamento de Trânsito de Curitiba) sinalizava ao trânsito. Ao vê-la pensei em continuar reto, seguindo a lei. No entanto, resolvi testar a conivência dos nossos agentes com a proibição de trafegar de bicicleta na canaleta. Desci da bike e perguntei para a moça se poderia virar à direita, seguindo pela canaleta. Para minha surpresa, a agente me disse: "Atravesse pela faixa de pedestre desmontada da bicicleta e pode ir". Como? Pois é. Conheço uma pessoa que foi multada por trafegar na canaleta de bike; o jornal da hora do almoço mostra, com frequência, os flagrantes de ciclistas agindo errado e utilizando a via dos expressos. E a agente do DIRETRAN me vê fazendo cacaca no trânsito e não fala nada? Como é aquela lição de introdução ao direito: o costume revoga ou não uma lei? Para os agentes do DIRETRAN, o costume revoga a proibição de trafegar na canaleta (só se houver uma câmera filmando é que a lei é repristinada. Sem comentários).
Ao chegar em casa, contei para o Harry sobre a ciclofaixa e ele me disse: "É como uma volta no parque, só que no centrão". De fato, a ideia da ciclofaixa é interessante, o público é o mesmo que frequenta as ciclovias dos parque. No entanto, o blog torce para que não seja apenas destinada ao lazer, mas como alternativa ao carro e ao ônibus.
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