terça-feira, 24 de agosto de 2010

Vizinhança

O curitibano construiu a imagem do indivíduo quieto, calado, sisudo. Batemos no peito e sentimos orgulho disso, afinal além de ser nossa característica é a forma como nos diferenciamos das outras culturas regionais que formam o Brasil.

Alguns levam isso mais a sério que outros. Tenho 31 anos e que me lembre só entrei em duas casas de vizinhos. Isso aconteceu antes dos 14 anos, ou seja, quando eu era criança. Se os meus números de tours vizinhança é modesto a recíproca também é verdadeira. Foram poucos os vizinhos que entraram nas casas que habitei até hoje. No atual apartamento que moro desde 2008, apenas um. O vizinho da diagonal, em um dia de jogo da Copa, pois descobrimos que um dos meus amigos era amigo dele também e no intervalo ele atravessou o corredor, bateu na minha porta e para não ficarem conversando em pé convidamos ele para entrar. Nada que durasse mais que uns 3 minutos, quase imperceptíveis; inesquecíveis. Ou seja, posso considerar que eu NÃO sou um curitibano fechado.

Fechado é o cidadão que mora no apartamento ao lado do meu. Mudou-se há pouco tempo. Tivemos apenas um encontro no elevador e a experiência me fez perceber que esse cara é o embaixador de Curitiba em qualquer lugar do mundo, inclusive na própria Curitiba. O cara foi muito educado, atencioso e mesmo assim conseguiu desperdiçar apenas duas palavras comigo. Isso foi um diálogo completo, algo mais ou menos assim:

- Bom dia.
- Oi.
- Você é meu novo vizinho do terceiro andar.
(Com a cabeça o cara faz sinal de positivo, fechando qualquer porta para um novo comentário).
- Até mais (nessa altura já não vejo mais nenhuma possibilidade de algum cinismo, como foi um prazer te conhecer).
- Tchau.

Esse se supera. Esse é mais que curitibano. Deve ter sido parido na própria praça Tiradentes. Bem no Marco Zero.

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