domingo, 8 de janeiro de 2012

Ciclofaixa em Curitiba

Domingão de tempo agradável, propício para conhecer a tal da ciclofaixa de Curitiba. Estava bem reticente em conhecê-la, pois desde o início acompanhei os embates entre ciclistas e a Prefeitura. A extensão da ciclofaixa, a sua provisoriedade e o fato de ser do lado esquerdo foram as reclamações dos ciclistas. A prefeitura argumentou com "é tudo teste".

Tenho duas bicicletas aqui em casa. A Audrey, uma Caloi velhinha que uso por passeios urbanos, e a Marilou, que a minha bicicleta de ciclismo e de triathlon. Bom, como o objetivo era avaliar a ciclofaixa sob a ótica do cidadão médio, tirei o pó da Audrey, coloquei a minha bermuda surrada,  camiseta de algodão e tênis. Deixei o capacete em casa, bem como toda a parafernália - luvas, água, câmara, espátulas...O objetivo era avaliar a ciclofaixa como local de lazer (foi essa a finalidade atribuída pela Prefeitura).

Primeira dúvida: como chegar até a ciclofaixa? Moramos perto do centro e tracei uma rota pela qual não andaria na contra-mão, tampouco pela canaleta. Por ser domingo, não havia muito trânsito e os 1.500 metros que me separam do início da via foram percorridos com rapidez e tranquilidade. Agora fica a pergunta e até mesmo a sugestão: como é que o cidadão que mora lá no Tatuquara vai aproveitar a ciclofaixa? O ideal seria vir pedalando desde lá, mas não há vias seguras e os nossos motoristas não estão preparados para dividir o seu reino com os ciclistas. Os ônibus de Curitiba comportam bicicletas? É claro que não! Assim, o acesso de boa parte da população fica prejudicado...

Cheguei até a esquina da Visconde de Nacar com a Emiliano Perneta e constatei a excelente sinalização. Além de faixas indicativas, havia guardas da Diretran e colaboradores sinalizando com "pare" e "siga". Alguns colaboradores eram gentis e simpáticos. Outros estavam sentados, mal humorados.



Percurso plano, praticamente pelo centrão de Curitiba, carente de árvores, com algumas lojas abertas (o posto na André de Barros virou point dos ciclistas). O público: casais, homens, pais e filhos. No período de quarenta minutos pedalando pela ciclofaixa era a única mulher sozinha. E depois a mulherada não sabe porque engorda e reclama da Sibutramina retirada das prateleiras.

O trajeto:




Avaliei também as bicicletas: tirando um senhor que estava com uma speed cromada, as demais eram mountain bikes ou  urbanas (como a minha Caloi). Pelo vestuário era possível ver que a maioria dos frequentadores eram ciclistas ocasionais, daqueles que não gastam R$ 50,00 em uma camisa de ciclismo. Em certas esquinas formava-se um verdadeiro pelotão.

O pelotão de elite da ciclofaixa:





Notei a falta de bicicletários...E se quisesse estacionar a magrela e visitar a Praça Santos Andrade? Além disso, em um primeiro momento, desejei que a rota passasse por mais pontos turísticos. É possível ver alguns locais de interesse nas imediações, mas sonhei com o dia em que a ciclofaixa compartilharia a mesma rota que a Linha Turismo.

Por fim, depois da segunda volta, resolvi voltar para casa. Eu tinha duas opções: seguir reto pela Emiliano Perneta e virar na rua de casa ou subir pela canaleta quase até em casa. Na esquina, uma agente do DIRETRAN (Departamento de Trânsito de Curitiba) sinalizava ao trânsito. Ao vê-la  pensei em continuar reto, seguindo a lei. No entanto, resolvi testar a conivência dos nossos agentes com a proibição de trafegar de bicicleta na canaleta. Desci da bike e perguntei para a moça se poderia virar à direita, seguindo pela canaleta. Para minha surpresa, a agente me disse: "Atravesse pela  faixa de pedestre desmontada da bicicleta e pode ir". Como?  Pois é. Conheço uma pessoa que foi multada por trafegar na canaleta de bike; o jornal da hora do almoço mostra, com frequência, os flagrantes de ciclistas agindo errado e utilizando a via dos expressos. E a agente do DIRETRAN me vê fazendo cacaca no trânsito e não fala nada? Como é aquela lição de introdução ao direito: o costume revoga ou não uma lei? Para os agentes do DIRETRAN, o costume revoga a proibição de trafegar na canaleta (só se houver uma câmera filmando é que a lei é repristinada. Sem comentários).

Ao chegar em casa, contei para o Harry sobre a ciclofaixa e ele me disse: "É como uma volta no parque, só que no centrão". De fato, a ideia da ciclofaixa é interessante, o público é o mesmo que frequenta as ciclovias dos parque. No entanto,  o blog torce para que não seja apenas destinada ao lazer, mas como alternativa ao carro e ao ônibus.

Um comentário:

Rogério Dumke disse...

1. Excelente a ideia de uma ciclofaixa na linha turismo. Aí sim seria uma ciclofaixa de lazer. Essa do centrão não é.

2. CANALETA é pista de treino de corrida e CICLOFAIXA útil para quem realmente usa a bicicleta. Bobagem é a proibição, que só existe para absolver o motorista de bonde que comete homicídio.