Agosto é o mês do cachorro louco, não sei se é verdade. Também dizem que toda família curitibana tem um maluco trancado no sótão. A frase é atribuída a Paulo Leminski, mas infelizmente também não tenho certeza da autoria.
Resolvi cruzar os dois assuntos e fazer um pequeno post sobre os loucos da cidade. Não vou falar dos loucos literais, mas de personagens que habitam a cidade, a identidade e as lendas dos curitibanos.
Vamos a eles.
O pajé.
Na tribo curitibana o louco que mais se destaca é o Oilman. A primeira vez que avistei o indivíduo foi no calçadão da praia de Caiobá. Somente de sunga e com o corpo besuntado em óleo, possivelmente bronzeador. Até ai nada de mais, não fosse o fato dele caminhar durante a noite e o óleo ser um tanto quanto estranho. Alguns anos depois vi o mesmo cara andando de bicicleta, sunga e óleo no Bacacheri e depois disso sua fama não parou mais de crescer. Os trajetos também não. Começou a aparecer por todos os cantos da cidade e independente do frio usava sempre sunga.
Reza a lenda que já desceu da bicicleta e deu umas palmadas num playboyzinho do Batel, mas não sei o quanto isso é verdade. Já ouvi que era professor secundarista de um grande colégio da cidade e que teria se apaixonado por uma aluna, mas tudo isso deve ser lenda urbana. Sua loucura lhe rendeu fama. Hoje tem um banda, já foi entrevistado no Programa do Jô Soares e vive sendo pauta de jornais em Curitiba.
Os três mosqueteiros.
Poty, Leminski e Dalton Trevisan.
Ser artista em Curitiba não devia ser nada fácil, pois mesmo com o crescimento e modernização da cidade acredito que ainda não é. Conquistar o reconhecimento nacional estando aqui é tarefa ainda mais difícil e os três citados acima conseguiram o que para todos parece loucura.
Poty foi desenhista. Viveu da arte e foi reconhecido mundialmente com seu traços. Têm obras em Portugal, Paris e Alemanha. Realizou exposições em Londres, Bruxelas e Washington. Seus desenhos ilustraram livros e foram usados pela BBC em um documentário sobre o Xingu. Como bom curitibano era calado, pois não precisava falar.
Leminski era poeta. Todo mundo na cidade já ouviu o ditado que diz "polaco é preto do avesso". Leminski era o avesso do avesso, pois era filho de uma negra com um polaco. Imagino o moto perpétuo de bagunça que não foi a criação do rapaz, ainda mais em uma sociedade quadradona como era a nossa. Casou-se jovem e alguns anos depois foram morar com um casal de amigos numa espécie de sociedade hippie. Trocou de esposa e saiu pelo mundo. Morreu cedo, mas marcou a cidade.
Dalton Trevisan é escritor. Se o Oilman é dos loucos curitibanos o mais louco Dalton é o mais curitibano. Avesso a qualquer badalação torna-se difícil falar da sua pessoa. Tão quieto que é recebeu o apelido de Vampiro de Curitiba, mesmo assim é considerado um dos maiores contistas brasileiros, com livros traduzidos para vários idiomas.
Borboleta 13.
Terezinha Hevane dos Santos é figura conhecida no centro de Curitiba. Ganha a vida vendendo bilhetes de loteria e jogo do bicho no Calçadão da XV e se apesar de exótica não é louca certamente merece estar aqui por ter enlouquecido vários freqüentadores da Rua das Flores com seus gritos ensurdecedores, uma espécie de mantra da jogatina. Seu ofício lhe rendeu uma entrevista no programa do Jô, a participação na gravação de uma banda local e também um patrocínio de uma loja do centro, em que ela precisa apenas usar um colete com o nome da loja e ficar gritando sentada na porta do estabelecimento. Imagino que os funcionários adoraram. Ah, ela também já tem uma versão pirata, uma senhora que grita o mesmo bordão, mas felizmente com um tom abaixo.
O midiático.
Mauro Singer é atleticano fanático, mas não desses chatos ou valentões. Mauro é inteligente pra caramba e soube usar isso para conquistar as torcidas da capital. Ele apareceu para o público num extinto programa de TV que tinha um representante de cada torcida da capital e em pouco tempo conquistou seu espaço. Fazia palhaçada de tudo quanto é tipo e criou uma audiência própria. Muitas pessoas assistiam ao programa apenas para dar risada. Pouco importava o time.
Certa vez foi fantasiado de Papa para sacanear o paranista, após uma derrota para o Roma de Apucarana. Em outra foi fantasiado de negro black power para sacanear o coxa branca.
Conheci o cara pessoalmente e posso falar que ele é uma das pessoas mais bem humoradas da cidade.
E ai, faltou alguém?
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2 comentários:
Ei! Sou a medica que cuidou de um dos expedicionarios na maratona do Rio. Estou conhecendo a cidade e usando a dica do seu blog. Obrigada!
Precisarei voltar nessa cidade linda para conhecer mais um pouco de seu povo e seus lugares encantadores.
Parabens pela cidade!
Talvez eu incluísse o Ivo e o Alborghetti.
Ambos não pelos seus ofícios, mas o Ivo por ser o maior roqueiro Curitibano não nascido em Curitiba e amante desta cidade, e o Alborghetti não como deputado, mas como personagem Curitibano que tomava seu café na rua XV e batia altos papos com o povão.
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