sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Ascendência curitibana.

Em qualquer lugar do mundo falar sobre o clima é normal. O assunto serve para puxar conversa, para encerrar conversa, para tapar aquele silêncio branco que surge as vezes, enfim é um assunto e tanto.

Em Curitiba existe um outro assunto muito popular que causa uma certa desconfiança em quem não é daqui (diria que para que não é do sul, para ser mais exato).

Para mim é muito normal perguntar a ascendência de uma pessoa. Várias vezes, o assunto aparece numa primeira conversa, algo como "seu sobrenome é Czalcivizk! Vc é descendente de ucranianos ou poloneses?"

Até os 26 anos tinha certeza que isso era a coisa mais natural do mundo, porém comecei a trabalhar com uma baiana, que já no primeiro dia falou que isso era coisa de Curitibano e que gostávamos de nos achar europeus. Um pouco é verdade, mas quem é daqui sabe que a essa resposta leva a deduzir algumas características da pessoa, pois reflete a forma como ela foi educada.

Cheguei hoje do Rio de Janeiro, onde estava trabalhando, e numa conversa de almoço comentei sobre isso. Falei que era muito normal perguntar isso por aqui e de como aqui é comum saber de qual país os pais, avós, bisavos vieram, comentar costumes de cada tipo de família (italiano vive junto e em meio a bagunça, alemão é todo certinho e rígido, festa de polaco é imperdível, japonês sempre vai roubar sua vaga na UFPR, etc...).

Ascendência é uma característica daqui. No resto do país, como dizia a minha amiga baiana, ascendência é frescura.

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