Não damos importância para nossa história, pois se déssemos hoje seria feriado em Curitiba.
No dia 20 de janeiro de 1894 houve a passagem que considero mais marcante na história da cidade, a reunião entre o Barão do Serro Azul e Gumercindo Saraiva.
Curitiba estava cercada pelas tropas federalistas de Gumercindo Saraiva que marchava ao Rio de Janeiro para depor o presidente Floriano Peixoto. Por onde passavam deixavam um rastro de saques, abusos e morte.
Curitiba não era uma cidade expressiva, apesar de ser capital do estado e também estar em um visível crescimento econômico fomentado pelo ciclo do mate. Como forma de evitar o destino dado a outras cidades houve uma reunião entre os lideres federalistas e a elite curitibana, o objetivo era preservar a cidade a qualquer preço, e foi acertado que Curitiba faria um "empréstimo de guerra" em troca da paz.
A cidade havia sido abandonada pelos governantes. Vicente Machado, então governador do estado, havia fugido para Castro e lá estabelecerá a sede provisória do Paraná. O exército, em pequeno número frente ao contingente revolucionário também havia batido em retirada para São Paulo e coube a Idelfonso Correia liderar a cidade e a coleta do dinheiro.
Após o primeiro empréstimo houve certa paz na cidade, porém os gaúchos fizeram novas exigências e chantagens. A situação só começou a ser resolvida quando o exército legalista de Floriano chegou ao Paraná para combater as tropas federalistas empurrando-os novamente ao Rio Grande do Sul.
Após o fim da revolução Floriano lançou uma sangrenta vingança. Visto como traidor Idelfonso Correio (Barão do Serro Azul) e outros líderes responsáveis pela preservação de Curitiba foram presos e executados, mesmo com as tentativas de clemência pedida pelos florianistas locais.
Essa história ficou por muitos anos esquecida em Curitiba, conta-se que durante mais de 30 anos o nome do Barão era quase proibido de ser pronunciado e isso contribuiu para que o fato caísse no esquecimento.
Hoje existe uma releitura da história e é creditado ao Barão seu devido valor, inclusive estando seu nome registrado no livro de aço dos heróis da pátria em Brasília, porém são poucos os que conhecem essa história, o que é realmente uma pena.
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Um comentário:
O mestre Idelfonso Correia é um grande espírito. Além dessa questão do alvorecer da República, existem alguns relatos de que propiciava melhores condições de trabalho para os seus empregados na beneficiadoras de Mate (hj, Mate Real). Além disso, foi o fundador do Clube Curitibano.
Há algum tempo fui em uma palestra sua a vida dele e havia alguns descendentes na plateia. Emocionante.
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