quinta-feira, 1 de julho de 2010

Balões, Passeio Público e Catedral.

Às vezes tenho a sensação que certas histórias deixam um gancho para outras. Acabei de escrever sobre o Restaurante do Passeio e por coincidência hoje li que um novo parquinho está sendo montado no lugar para atrair mais crianças e conseqüentemente mais famílias.

O ponto alto desse parquinho é uma miniatura do balão Granada, que foi inflado no Passeio Público no ano de 1909 em uma espécie de demonstração, um show para a minúscula Curitiba de 100 anos atrás. Depois de algumas tentativas o balão subiu, porém por um motivo indeterminado despencou do céu e ficou preso no lanterin central da catedral, na Praça Tiradentes.

Esse não era o primeiro balão que Curitiba via subir. Trinta e três anos antes um circo instalou-se na Praça da Matriz, uma pequena igreja condenada e demolida no mesmo ano, na mesma Tiradentes dos dias atuais. Entre suas atrações estava um malabarista mexicanos que subia aos céus pendurado em um balão, o União. Para realizar tal façanha ele cobrava um determinado valor, após a população liquidar o problema pecuniário o gringo fez sua demonstração, pendurados em argolas fazendo malabarismos. O sucesso foi tão grande que o então presidente da província, Dr. Pedrosa, pediu que ele repetisse a apresentação com a renda revertida para a Igreja, uma forma de levantar fundos e chamar a atenção para a construção da Catedral, há mesma que anos depois salvou a vida de Maria Aida, a aeronauta espanhola do Granada. Segundo vôo ganhou um adicional, um pequeno cachorro foi levado junto ao malabarista para o céu e quando atingiu uma altura aproximada de 500 metros o cão foi solto, preso a um pára-quedas. O animal não sofreu nada, mas por problemas também indeterminados o balão perdeu altura e caiu em um banhado alguns quilômetros após o ponto de partida.

Ao subir aos céus em um balão para levantar fundo ou chamar a atenção para a igreja o mexicano Theodoro Zeballos pode ter sido o primeiro, mas não o último louco a fazer tal peripécia. 132 anos após seu vôo acidentado, em Paranaguá, um padre muito louco tentou fazer um vôo preso por balões para chamar a atenção para a Pastoral Rodoviária. Chovia muito e o padre Adelir Antônio de Carli acabou ficando sem direção e sumiu no mar próximo São Francisco do Sul.

Traçando uma linha reta de Paranaguá a São Francisco do Sul temos uma distância de aproximadamente 77 quilômetros. Por curiosidade tracei uma linha reta da catedral até Paranaguá e cheguei à conclusão que se os ventos tivessem ajudado o padre também teria uma história para contar sobre seu pouso forçado na Tiradentes.

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