sexta-feira, 29 de maio de 2009

Ecossistema bariguiense.

O Barigui é mais que um parque, ele é um ecossistema a parte. Da mesma forma que Curitiba foi formada por várias etnias que chegaram em tempos diferentes (alemães em 1830, polacos em 1848, italianos em 1855, ucranianos em 1873...) o Barigui também foi formado por várias etnias do mundo animal e vegetal.
Primeiro o arquiteto fez o lago e disse "- que o lago tenha vida", então o pessoal da Sanepar ligou o esgoto do Bigorrilho direto no rio Barigui, pra que os dejetos dos novos ricos polacos, alemães, italianos, ucranianos e tudo mais servissem de adubo para as plantas do lago.
Com plantas parrudas e representando com dignidade o reino vegetal foi a vez dos peixes aparecerem no lago. Não demorou muito para a mistura de vegetais, peixes e merda atrair os patos.

Assim como fizeram os alemães, que ao chegarem aqui ligaram para vários Fritz espalhados pela Europa e disseram que podiam chegar que o local era legal, os patos também ligaram para várias aves e em pouco tempo o parque estava tomado de marrecos, gansos, periquitos, papagaios, cisnes e penosas de toda estirpe pousaram nos arredores do pavilhão da Diretriz.

Quando todos achavam que o terreno estava dominado pelas aves foi a vez dos mamíferos se infiltrarem. Assim como fizeram no mundo real chegaram por último, mas alegando que são mais evoluídos foram se apropriando de tudo. Primeiro as ovelhas começaram a comer a grama, adubando-a ao mesmo tempo. Um motor perpétuo do ciclo do nitrogênio.

Vendo a alegria da bicharada as capivaras pegaram um pau-de-arara do pantanal e vieram para cá também. Não aguentavam mais o calor do centro-oeste e decidiram fazer um puxadinho no barranco do Barigui.

Com a evolução da sociedade bariguiense novas instituições foram criadas e a necessidade de manter a ordem fez surgir as forças armadas do Barigui. Como todos eram muito pacíficos uma capivara propôs a contratação, no pantanal, de um bicho casca grossa e mal encarado. A proposta foi muito discutida e gerou certa divisão, mas algum tempo depois desembarcou a família jacaré no parque.

Assim como Duque de Caxias é o patrono do exército brasileiro o jacaré é o patrono do exército bariguiense. Duque de Caxias não era a favor de usar a força de forma desnecessária e não o fez durante a guerra do Paraguai. O jacaré também não, mas teve que fazer para proteger a sociedade bariguiense.

Era uma madrugada de domingo quando a sociedade bariguiense começou a ouvir os primeiros sinais da invasão. Antes mesmo do sol nascer chegou a infantaria curitibana com os cuzidos que haviam acabado de sair do costelão. Entre gritos, garrafas estourando no chão e som alto os animais corriam e o conselho de guerra foi formado. O jacaré propôs aguardar até o último momento para reagir a invasão, pois queria ter certeza que as negociações pacíficas não surtiriam mais efeitos. Todos aceitaram.

Porém em poucas horas o clima foi ficando tenso com o desembarque de novas tropas no parque. Primeiro os corredores, depois os pais com carrinhos de bebê, depois o pessoal do marketing promocional com seu som alto, panfletos e propaganda de guerra de todo tipo. O ar estava elétrico, um grupo partiu para o Tingui e lá instalaram um campo de refugiados, os peixes nadaram para o rio cascatinha, as aves voaram para longe e a resistência era formada por ovelhas, capivaras e a família jacaré.

A situação já não estava boa pra bicharada, todas as tentativas de resolver o conflito pacificamente haviam falhado. Um comissário foi enviado a ONU para pedir ajuda, mas a resposta era que como no parque não havia petróleo não dava pra ajudar.

Por volta das 14 horas aconteceu o desembarque da tropa mais temida e preocupante. A cavalaria curitibana formada pelas peruas de salto-alto montadas em seus ferozes poodles perfumados foi avistada pela capivara que já nadava em direção ao esgoto. Na tentativa de ser a última fronteira da resistência o jacaré encarou o poodle e esperou sua ação. O cachorro louco partiu em sua direção e tentou dar uma volta para tentar morder seu rabo, mas o jacaré destemido fez um rápido movimento e abocanhou o totó dos infernos.

A batalha foi vencida, mas a guerra já estava perdida. O jacaré foi preso por crime de guerra e julgado no tribunal internacional da SMMA (Secretaria de Municipal de Meio Ambiente). Foi condenado a prisão perpétua no Zoológico de Curitiba. O parque foi anexado por Curitiba, virou uma espécie de Palestina, um campo de concentração velado e a única lembrança permitida da resistência foi uma estátua do jacaré erguida no marco zero da colonização do Barigui.

Ongs de direitos humanos dos bichos frequentemente retratam os abusos que os animais sofrem, porém a situação se agravou com a inclusão de uma nova etnia animal no parque. Esse ser híbrido foi plantado para desmoralizar a bicharada e levar a sociedade bariguisense a um levante, para assim poder ser novamente massacrada. Fotos recentes mostram que essa espécie de minotauro, na verdade metade curitibano metade jumento, está agindo para que aconteça um novo ataque dos descendentes do jacaré.

Em primeira mão vamos apresentar uma foto do ser conhecido como idiota curitibano em ação. Esperamos que os organismos internacionais da SMMA tomem uma atitude para que esse tipo de ataque pare de acontecer, antes que despertem a fúria da bicharada, ou então que haja um entendimento que quando um jacaré revidar uma provocação quem deve ir para o zoológico é quem provocou e não o réptil.



2 comentários:

Glauber Gorski disse...

post dobrado.

Treinar e viajar disse...

os corredores são gente boa!!!!!!!!!