terça-feira, 17 de março de 2009

Praça Tiradentes.

Recebi uma mensagem pedindo dicas de locais próximos a Praça Tiradentes, vamos lá. A Tiradentes é uma praça bem central com várias opções bem próximas a ela e o ponto de partida da linha turismo.

Vou colocar algumas opções que acho legal, mas ainda não postei e algumas informações que já estavam no blog.

A praça: A praça é o marco zero da cidade. Existe uma lenda que o foi o local escolhido pelo cacique Tingui para a fixação dos primeiros expedicionários portugueses que chegaram à região e ficaram um tempo acampados a beira do rio Atuba. Nessa praça está o monolito que simboliza o marco zero, a estátua de Tiradentes, de Floriano Peixoto e Getúlio Vargas. A primeira estátua instalada foi a do Marechal de Ferro, em 1904, numa época em que a cidade ainda se reconstruía da revolução federalista. Em 2008 a praça passou por uma revitalização, foi iluminada e novamente entregue a população, uma vez que ela estava em um estado de abandono que tornava praticamente impossível cruzar a praça sem sofrer algum tipo de trauma. Durante essa revitalização foram descobertos resquícios da calçada original e das canaletas de drenagem que foram construídos no século XIX. Ela também é o ponto de partida da Linha Turismo.

A Catedral: Catedral Basílica Menor Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, construída no final do século XIX e inspirada na catedral da Sé de Barcelona (já falei que não temos criatividade, por isso quase tudo na cidade é inspirado em algo de outro lugar).

A arquitetura em volta da praça é antiga (antiga para os padrões de Curitiba), da primeira metade do século XX e serve para nos lembrar que Curitiba não surgiu na década de 70.

Praça José Borges de Macedo e o Pelourinho: Sim, temos um pelourinho e ele é tão desconhecido para um curitibano quanto a Praça José Borges de Macedo. Temos um pelourinho, pois na época da colônia uma vila só passava a existir após a instalação do tronco para punição aos escravos e isso aconteceu em 1668. A Praça José Borges de Macedo fica entre a Tiradentes e o calçadão da Xv, também é o acesso a praça Generoso Marques. Hoje ali estão as lojas de flores que ficam sobe as Arcadas do Pelourinho.

Praça Generoso Marques: Essa ainda é uma região barra pesada da cidade, principalmente na parte da noite. Nessa praça está o antigo Paço Municipal, o único prédio da cidade tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional. Foi restaurado e será entregue no aniversário da cidade, dia 29/03. Funcionará como um espaço cultural e pode ser o início de uma nova fase na região, sem drogas, ladrões e pequenos delitos. O prédio é muito bonito, por isso vale a pena visitar.

Teatro Guaira e UFPR (640 metros da praça): Dois prédios muito bonitos e muito diferentes, um em frente ao outro. Duas construções que orgulham muito quem é daqui. O Guaira é o principal teatro do estado e um dos maiores do país e na sua frente, separados por uma longa praça está o prédio histórico da Universidade Federal do Paraná (primeira universidade do Brasil). O teatro tem linhas modernas enquanto a federal tem linhas clássicas. Na praça acontecem grandes mobilizações populares (reivindicações estudantis, era um ponto de encontro das manifestações do Fora Collor, greves e etc...) e logo atrás do prédio da federal inicia-se a “Boca Maldita” a primeira rua do Brasil transformada em calçadão com transito de veículos proibidos.

Passeio Público: Fica a uma quadra da Praça do Homem Nu sentido leste. Esse foi o primeiro parque de Curitiba e também o primeiro zoológico da cidade. Ele tem bonitos portões inspirados nos portões do cemitério de cães de Paris e foi o precursor do mais tradicional programa de Curitiba, os parques. Até hoje tem alguns pequenos animais em cativeiro e também um aquário. Confesso que faz muito tempo que não vou ao Passeio Público e não sei como está, mas se estiver por perto e tiver tempo pode ser uma visita interessante.

Solar do Barão: Fica a 200 metros do Passeio Público, na Rua Carlos Cavalcanti, 533. Hoje o edifício é um eclético centro cultural com espaços para exposições, o Museu da Fotografia, o Museu da Gravura, o Museu do Cartaz, o Centro de Pesquisa Guido Viaro, Sala Scabi, Sala Gilda Belczak, ateliês de xilogravura, litogravura e serigrafia, além da primeira Gibiteca do Brasil.

Praça do Homem Nu (Praça dezenove de dezembro, 600 metros da Tiradentes): Essa praça foi construída em 1953 na comemoração ao centenário de emancipação política do Paraná. Ela apresenta uma estátua de um homem nu dando um primeiro passo em direção ao interior do estado. Isso retrata o início da colonização do Paraná que foi feita apenas no século XX. Além da estátua existe um obelisco e um monumento de pedra que tem em um de seus lados um painel em alto relevo do artista plástico Erbo Stenzel e no outro um mural de azulejos de Poty Lazzaroto (um esclarecimento, para quem não sabe Poty Lazzaroto está para a arte paranaense assim como Jorge Amado está para a arte baiana. Seus painéis podem ser vistos em vários pontos da cidade e ele tem um traço original, único e inconfundível). Essa praça merece uma ser mencionada, pois além de bonita é palco das comemorações das conquistas dos torcedores do Coritiba, que tradicionalmente colocam uma faixa no peito da estátua gigante a cada conquista. Um fato curioso é que essa estátua e a da mulher que está ao seu lado foram cobertas quando o Papa João Paulo II veio a Curitiba, pois a cidade achava a obra muito obscena para estar no caminho do Papa. Quer visitar a praça poderá ver que a estátua não tem nada de imoral e isso serve para dar uma idéia de como Curitiba era conservadora em 1981.

Largo da Ordem (seria possível subir para o Largo partindo da Osório, mas isso aumentaria em uns 2 km a distância, por isso sugiro voltar a Rua Mal. Floriano): Um dos meus lugares preferidos, o Largo é a antiga cidade. Com um conjunto de casarões do século XVIII e uma calçada de paralelepípedos que concentra uma grande quantidade de barzinhos, cafés, sebos, restaurantes, gente e outros tipos estranhos. Aqui também acontece a feirinha de artesanato e a exposição de carros antigos.

Museu Paranaense: Esse museu ficava no antigo Paço Municipal, mas foi transferido para o Palácio São Francisco devido às péssimas condições que a antiga sede apresentava antes da reforma. Ele foi inaugurada em 1876 por Ermelino de Leão e José Candido Murici e foi o primeiro do estado e o terceiro museu do Brasil. Seu acervo conta um pouco da história das terras que vão do litoral até o Rio Paraná nos últimos 8.000 anos.

Boca Maldita, Calçadão da XV ou Rua das Flores (É tudo a mesma coisa, mas com vários nomes diferentes): Com a proibição do transito de veículos acabou virando uma enorme rua de comercio, porém entrou em decadência nos anos 90 devido ao abandono da prefeitura e acabou concentrando muitas lojas público C e D. Está passando por um processo de reestruturação pela atual gestão e começa a voltar aos velhos tempos. Acho que nada é mais curitibano que a Boca Maldita. Se tiverem alguns minutos vale a pena passear e tomar um café, principalmente em dias frios. O Calçadão tem 800m de extensão e termina na Praça General Osório. Durante os sábados existe uma feira de produtos gastronômicos na Praça Osório que vale a visita. Uma quadra antes da praça está a Av. Luiz Xavier, a menor avenida do mundo, com apenas uma quadra. Ali não tem nada de importante, mas quando identificar essa Avenida estará na frente do Palácio Avenida, sede do HSBC. Esse prédio é famoso pelas apresentações de natal. Na mesma quadra, mas na outra esquina está o Edifício Garcez, o primeiro prédio de Curitiba.

Outras atrações e dicas:
Quando chegar à Praça do Homem Nu você estará ao lado do Shopping Mueller que é o mais tradicional e um dos melhores da cidade. Se quiser fazer compras ou comer fastfood é uma opção.

Quando estiver no Largo da Ordem não perca a oportunidade de conhecer o tradicional Schwarzwald, que todo curitibano conhece e sabe onde fica, mas não pelo nome. O lugar é tradicionalmente chamado de Bar do Alemão, por motivos óbvios. É uma taberna germânica com uma ótima comida e chope. Seu mais tradicional chope é o submarino (caneco de 500ml com uma dose de Steinhaeger que vem em uma pequena caneca mergulhada dentro do copo). A caneca deve ser "honestamente roubada" e é uma lembrança legal da cidade. Outras boas opções para comer no Largo são o Oriente Árabe, o Madeiro que se intitula o melhor hambúrguer do mundo e o restaurante polonês Durski. De 17 a 29 de março de 2009 estaremos em festa, pois acontece o Festival de Curitiba e várias peças teatrais deverão estar acontecendo no Largo, algumas delas gratuitas. Outra coisa, o Largo não é apenas o calçadão, mas sim todo o conjunto de prédios que se estende da Rua Jaime Reis até Candido de Abreu. Por isso recomendo que ande do calçadão até a igreja São Vicente de Paulo e se for um domingo pela manhã você pode ver uma missa rezada em polonês nessa igreja.

Outra opção interessante para comer no centro histórico é o restaurante Nona Giovana que fica na Rua São Francisco, 134. É um restaurante muito pequeno, barato e eclético. Lá você encontra de juiz federal a gari comendo exatamente a mesma lasanha. Acho que não tem custo benefício igual no centro.

Para agitar a noite por ali mesmo recomendo o Jokers, que fica na Rua São Francisco, 164.

Para visitar todos os pontos do roteiro de uma só vez será necessário andar uma distância de 4,5 km e mais o que for percorrido nos locais. Não é muito e recomendo que o passeio seja feito em um sábado, pois assim dá para aproveitar a feira gastronômica da Osório. Também é importante visitar a feira do Largo no domingo, mas não vá ao largo apenas no domingo, pois você só vai ver gente, barracas e mercadorias, perdendo a oportunidade de ver os prédios e o conjunto da obra.

O centro de Curitiba é seguro, mas temos quase dois milhões de habitantes e como qquer outra cidade do mundo com esse tamanho aqui existem viciados, batedores de carteira, prostitutas e malandros de todas as espécies, por isso é importante tomar cuidados básicos para não entrar numa fria. Essa região do centro próxima a Praça Tiradentes pode ser bem perigosa a noite, até porque as ruas são estreitas e pouco iluminadas.

O que coloquei aqui foi boa parte dos locais e programas legais que me lembrei, mas não quer dizer que está tudo aqui. Para a viagem valer a pena é imporante que procure outras informações e também visite o resto da cidade, pois esse roteiro resume apenas o centro histórico.

Espero que goste.
Foto Estátua Homem Nu =>www.artes-curitiba.com


Um comentário:

Alexandre M. Lima disse...

Obrigado, meu amigo! Vou imprimir seu texto para ler com calma no avião.